sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

VÍTOR ALVES E O POSTO DE COMANDO


O desaparecimento do Capitão de Abril Vítor Alves não mereceu, como tem vindo a ser uma constante dos nossos meios de comunicação social, o merecido destaque. As nossas televisões e os nossos jornais preferiram noticiar até à exaustão a morte (mesmo que brutal, como foi) de um cronista “cor-de-rosa”. Tornámo-nos um país irreal, que esquece tudo a troco de uma vida de virtual: “tertúlias” cor-de-rosa ao pequeno-almoço, telenovelas ao almoço, telenovelas ao lanche, telenovelas ao jantar e Casa dos Segredos ao deitar. A nossa memória colectiva, o legado que devíamos deixar às gerações futuras, fica-se por uma evocação “fora de moda”, quase que envergonhada, da nossa história recente. Falar do 25 de Abril hoje é considerada coisa de saudosistas, justamente pelos mesmos “opinion makers” que fazem questão de se deliciar com os “amores de Salazar”, ou de garantir que o fascismo também tinha coisas boas.
Vítor Alves foi um dos principais organizadores do 25 de Abril, foi o autor do primeiro comunicado do MFA, lido por Joaquim Furtado ao microfone do Rádio Clube Português, foi o substituto de Otelo Saraiva de Carvalho no Posto de Comando na tarde de 25 de Abril e foi ele quem leu o Programa do MFA aos jornalistas presentes na conferência de imprensa dada pela Junta de Salvação Nacional na manhã de dia 26 de Abril na sala de operações do Posto de Comando. Por este último facto, a nossa foto passa a ser o testemunho desse episódio muito simbólico da participação de Vítor Alves em todo o processo revolucionário e no Posto de Comando do MFA.
Finalmente, não deixaremos de organizar uma homenagem local a este homem, autor das palavras que, naquela “madrugada que nós esperávamos, no dia inteiro e limpo”, mais ansiávamos ouvir na rádio: “Aqui, Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas!”

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