domingo, 17 de janeiro de 2010

CORRESPONDER À PARTICIPAÇÃO CÍVICA-8

António Guterres na inauguração do Núcleo Museológico do Posto de Comando do MFA, em 24 de Abril de 2001.

No dia 29 de Dezembro recebi um e-mail da presidência da câmara de Odivelas – que muitos munícipes devem ter recebido –, onde desejava bom ano novo e apelava à colaboração de todos:
“Este é o tempo de resistir às dificuldades, aos obstáculos, às ameaças com que cada um pode ser confrontado. Se soubermos fazer dos nossos problemas e divisões uma força, então seremos mais coesos, porque na verdade “Se todos nós fizéssemos as coisas que temos capacidade para fazer, ficaríamos verdadeiramente impressionados connosco mesmos” (Thomas Edison).
A sua Presidente
Susana Amador”.

Respondi à Presidente e, obviamente, não obtive resposta, pelo que resolvi tornar público o meu e-mail:
“Cara Presidente,
Agradeço-lhe os votos de bom início de 2010 e devolvo-lhe a citada frase de Thomas Edison. De facto, estou neste preciso momento a trabalhar em ideias para dinamizar o Posto de Comando do MFA. Ninguém me paga para isso, nem esse é o meu objectivo. Tal como tenho vindo a fazer semanalmente no Nova Odivelas, não me tenho limitado a criticar, pelo que estou a concretizar alguns materiais didácticos para os estudantes e professores do nosso concelho (e não só) utilizarem no NMPCMFA. Este é o meu contributo cívico.
Espero, muito sinceramente, que o Novo Ano seja o início da mudança de atitude da CMO face àquele núcleo museológico, tornando-o uma prioridade estratégica da política cultural do município que a Drª Susana Amador dirige. Se tiver a coragem para implementar tal projecto, conte comigo – como sempre – para dinamizar o Posto de Comando. Acredite que não lhe estou a pedir nada para mim (coisa invulgar...), mas para aquele património singular para o concelho e para o país.
O seu Munícipe,
Jorge Martins”.
Não basta apelar à participação cívica, é indispensável tê-la em conta e agir em conformidade, integrando os contributos dos munícipes nas políticas autárquicas.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

ROTEIRO 25 DE ABRIL DE ODIVELAS-7

Spínola e Vítor Alves na Conferência de Imprensa da Junta de Salvação Nacional no Posto de Comando na manhã de 26 de Abril de 1974.

O concelho de Odivelas tem, para além do Posto de Comando do MFA, um outro local de memória do 25 de Abril. Trata-se de um apartamento situado na Rua Professor Doutor Abreu Lopes, no nº 24, 2º Dtº, em pleno coração da cidade de Odivelas, devidamente assinalado pela Câmara Municipal.
Entre as reuniões que o Movimento dos Capitães realizou entre o Verão de 1973 e a Primavera de 1974, uma delas teve lugar naquele apartamento, precisamente no dia 6 de Outubro de 1973. Por questões de segurança face a mais que possíveis retaliações por parte do regime, os capitães decidiram fazer uma reunião quadripartida naquela data.
Odivelas foi um dos locais escolhidos, precisamente aquele em que Vasco Lourenço, um dos coordenadores do movimento, estaria presente. Nesse dia estavam em discussão várias propostas de continuidade da acção do Movimento, com diferentes implicações políticas para os capitães.
Perante o impasse na escolha da proposta a aprovar, Vasco Lourenço telefonou para a casa onde estava Dinis de Almeida e perguntou qual é que tinha sido ali aprovada. Obtendo como resposta a mesma hesitação, assegurou que em Odivelas tinham aprovado a proposta que ele defendia, pelo que Dinis de Almeida respondeu que iria, então, propor que também fosse aprovada na sua reunião. De seguida, Vasco Lourenço telefonou para os outros dois locais e disse-lhes o mesmo e obteve a anuência dos seus camaradas. Reentrando na sala onde decorria a sua reunião, informou que os outros três locais haviam aprovado a sua proposta, o que levou os militares reunidos em Odivelas a aceitarem-na. E, desta forma pouco ortodoxa avançou o Movimento dos Capitães.
Sem dúvida que este apartamento e o Posto de Comando constituem dois pontos incontornáveis de um desejável Roteiro 25 de Abril de Odivelas.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

PRODUZIR RECURSOS EDUCATIVOS-6



Uma simples visita ao Posto de Comando, mesmo guiada, constitui um subaproveitamento das potencialidades pedagógicas daquele espaço de memória do 25 de Abril. Com efeito, urge produzir recursos educativos, para que as escolas possam preparar e tirar o máximo proveito das visitas de estudo.
A Divisão de Cultura do município poderia e deveria assumir a criação de uma linha editorial, vocacionada para a edição de materiais didácticos. Não serão os custos desse projecto editorial um obstáculo intransponível. O modelo de folhas A4 dobradas e agrafadas, permitiria a impressão de pequenos textos – entrevistas aos operacionais do Posto de Comando, biografias de capitães de Abril, pequenos textos historiográficos – e a sua distribuição pelas escolas do concelho, prioritariamente aos alunos que estudam o 25 de Abril: 4º, 6º, 9º e 12º anos de escolaridade.
Um outro recurso educativo de fácil execução é a criação de fichas de trabalho de acordo com os programas escolares dos anos curriculares acima citados. Se se disponibilizar um modelo de ficha para os professores (particularmente os de História) aplicarem aos seus alunos, muito beneficiaria o estudo do 25 de Abril nas nossas escolas. Não podemos esperar que sejam os professores a produzir esses materiais didácticos. À falta de uma equipa específica do Posto de Comando, poderia ficar essa tarefa a cargo dos técnicos das Divisões de Cultura ou/e de Educação da câmara.
Argumentarão alguns que isso é difícil e que os técnicos já têm outras obrigações profissionais. Seja. Por isso, já aqui defendi as vantagens da criação de uma equipa específica do Posto de Comando. Mas, para demonstrar que é possível, divulgaremos aqui brevemente uma proposta de modelo de ficha de trabalho.

PROTOCOLOS CULTURAIS INTERMUNICIPAIS-5



O Posto de Comando não é tão reconhecido fora (e dentro?) concelho de Odivelas como seria desejável, atendendo ao papel decisivo desempenhado no 25 de Abril. Há que fazer alguma coisa para inverter essa situação.
Não se pode imputar ao município odivelense – e à própria Junta de Freguesia da Pontinha – a responsabilidade exclusiva por esse défice de projecção externa. Não obstante, a inércia nada resolverá. Há uma obrigação inalienável dos poderes locais para superar o problema, pois dificilmente essa iniciativa virá de fora.
Reconheça-se algum esforço para criar roteiros culturais que incluem a visita ao Posto de Comando. Mas não foram eficazes para proporcionar uma maior procura, por exemplo, das escolas dos concelhos limítrofes. O crescimento em espiral parece ser a melhor estratégia, até porque estamos paredes-meias com a capital.
Na realidade, os municípios estão habitualmente muito fechados sobre si próprios, quando a solução para muitos problemas passa forçosamente por um planeamento estratégico integrado. Isto é verdade para os transportes e as comunicações, para o abastecimento e os serviços, para a saúde e a educação e para a cultura e o turismo. Parcerias culturais e patrimoniais precisam-se!
Se olharmos à nossa volta, verificamos que estamos circundados por municípios mais antigos e experientes, com uma dinâmica cultural compreensivelmente mais consolidada. Não podemos isolar-nos de Loures (da desanexação do qual nasceu o de Odivelas), de Lisboa, da Amadora e de Sintra, nossos vizinhos. Muito ganharíamos (e eles também) se estabelecêssemos protocolos culturais com esses municípios e o Posto de Comando teria uma boa oportunidade de afirmar externamente. Alguém te de tomar a iniciativa. Por que não Odivelas?