segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

A ESCOLHA DO POSTO DE COMANDO - 11

A escolha do RE-1 para Posto de Comando na "Ordem de Operações", de Otelo Saraiva de Carvalho.

À beira do 36º aniversário do 25 de Abril, muita gente desconhece ainda a razão da escolha do Regimento de Engenharia Nº 1, na Pontinha, para Posto de Comando do MFA. Vamos, esta semana, divulgar como se processou essa escolha e o excerto do Plano de Operações do major Otelo Saraiva de Carvalho onde se atribui a missão ao Posto de Comando.
A escolha do RE-1 para comandar as operações do 25 de Abril partiu de uma sugestão do tenente-coronel Nuno Fisher Lopes Pires, que tinha sido segundo comandante daquela unidade militar até ao dia 6 de Março daquele ano. O capitão Luís Macedo, outro militar do RE-1 e ainda em serviço durante as operações do 25 de Abril, apoiou a proposta e não houve dúvidas em aceitar a sugestão de Lopes Pires, visto que reunia todas as condições necessárias: estar perto de Lisboa, mas fora da cidade, ser uma unidade da confiança do MFA, dar poucas possibilidades de as forças governamentais a descobrirem, dado que se tratava de uma unidade de engenharia e não de artilharia, por exemplo, como seria mais provável.
Eis o texto do Plano de Operações:
“Protege e defende a unidade a todo o custo. Selecciona um local elevado para montagem do PC. Selecciona um local, bem guardado, onde possam ser recebidos os oficiais superiores e os agentes da Brigada de Trânsito da GNR presos, a seguirem ao seu destino findo o estado de insurreição. Prepara a central telefónica para a emissão e recepção de telefonemas.”
(Plano de Operações, Otelo Saraiva de Carvalho).
E, tal como se previa, ali ficaram detidas algumas figuras gradas do regime, tais como Marcelo Caetano, o presidente do Conselho de Ministros e Silva Pais, o chefe da PIDE/DGS. Respeitosamente tratados pelos Capitães de Abril, seriam libertados e pacificamente conduzidas a casa ou ao exílio.

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